Aparelhos dentários falsos viraram uma moda perigosa entre os adolescentes.
Com elásticos coloridos e trançados, são chamados de "diferenciados" e vendidos
por camelôs no centro de São Paulo e em redes sociais.
Os participantes dos "rolezinhos" evidenciaram a moda do sorriso metálico, já
que nunca se viu tamanha concentração de jovens com bocas coloridas.
Os dentistas alertam que o conjunto de peças coladas e unidas por um elástico
ou fio provoca uma movimentação nos dentes, que pode causar, entre outras
coisas, retração na gengiva e perda óssea.
Nos últimos meses, o CROSP (Conselho Regional de Odontologia de São Paulo)
iniciou uma cruzada contra o comércio ilegal, com apreensões de material falso e
também vendido em lojas autorizadas.
Ontem, houve uma reunião com empresas do setor para que elas restrinjam a
venda de produtos ortodônticos a profissionais. Um projeto de lei estadual
também foi protocolado nesse sentido.
"Há de tudo na rua, material verdadeiro e falso. Estão usando até cerda de
vassoura", afirma o presidente do CROSP, Claudio Yukio Miyake.
Em geral, quem instala os aparelhos são jovens sem nenhuma formação
odontológica, que se auto promovem pelas redes sociais. Cobram em média R$ 120
para colocar e R$ 50 pela manutenção.
A ortodontista Nerli Juliano diz que a colocação errada das peças metálicas
pode romper o nervo e fazer com que o dente saia do osso. Ela conta que, por
conta da moda, tem atendido adolescentes que relutam em tirar o aparelho
verdadeiro' da boca mesmo após o tratamento. "Uma menina não queria tirar
alegando que o namorado gosta de meninas de aparelhos. É inacreditável."
O periodontista Helio Sampaio Filho diz ainda que o uso de cola extraforte
pode ter efeito tóxico para mucosa da boca, levando a lesões."
Ele lembra que, sem orientação profissional, a higienização da boca pode ser
negligenciada, o que provoca gengivites. "Ninguém sabe a origem desses
materiais. Os jovens não têm ideia do perigo que mora em suas bocas."
fonte e imagem: Folha de São Paulo